quinta-feira, 22 de março de 2012

Escolhas

Sempre tive uma "questionabilidade" das coisas, por assim dizer. Sempre fui curiosa para saber como as coisas funcionam, de onde vêm, como surgiram. Sempre gostei de ciência, filosofia, história antiga.
Assim como sempre me interessei por questões menos materiais e mais espirituais. Quem somos, de onde viemos, para onde vamos.

Não fui batizada quando nasci, meus pais optaram por deixar seus filhos escolherem seus caminhos. E concordo com isso. Estudando em uma escola católica de freiras, acabei me tornando católica. Fui batizada, fiz primeira comunhão e até crisma. Me interesso pela história da Bíblia, assim como me interesso por muitos outros livros.
Apesar de frequentar as missas (esporadicamente, mas frequentava), não entendia o sentido das coisas, da religiosidade indo a uma Igreja. O que tudo aquilo tinha a ver com Deus?

Por gostar de ciência, sempre li diversos assuntos e entre eles, muitos tentando desmistificar as religiões. Big Bang X Deus, Criacionismo, Darwin, etc, etc. E eu sempre ficava com uma pulga atrás da orelha. Acredito na religião ou na ciência? Qual deles está certo? A religião, por não mostrar provas concretas que Deus existe, está errada? A ciência, por não provar como surgiu o mundo, está errada?

Na verdade, não é como comparar "verde" com "branco" e sim, comparar "verde" com "macio". Não tem como comparar, não tem como escolher entre ciência e religião. As duas partes deveriam parar de provar coisas umas para as outras e se aterem ao que têm de melhor.
A religião é para os que têm fé, para os que têm uma certa espiritualidade. E acredito que esse fator varia de intensidade de pessoa para pessoa. Mas parece que alguns ateus e alguns fanáticos religiosos se colocam de uma maneira que uma coisa sobrepõe a outra.
Então não posso ser uma católica que pesquisa células tronco? Que porventura acredita na possibilidade do Big Bang, mas mesmo assim acreditando em um Deus por trás de tudo isso?

Não posso ser espírita e me interessar por questões de física quântica que porventura explicam certos fenômenos sobrenaturais?
Eu tenho que ser uma coisa ou outra?
Quero ser questionadora, um pouco desconfiada mas não totalmente cética. Às vezes é preciso ter um pouco de fé.

domingo, 11 de março de 2012

A elegância do comportamento


Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez
mais rara: a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem
mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de
dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa
alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam.
E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no
dia a dia.
É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se
dirigir a frentistas.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sentem prazer
em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem
presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber
uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando
e só depois manda dizer se atende.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar
nele de uma forma não arrogante.
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar
imitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status
social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que “com
amigo não tem que ter estas frescuras”.
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão
desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe: não é frescura.

http://www.idph.net